Veja o que realmente pode fazer a diferença.

Sendo uma quase ativista da sustentabilidade, eu costumo investir nas pessoas ao meu redor na tentativa de mostrar o quanto o consumismo impacta o planeta e o quanto nós podemos fazer por meio do consumo consciente. Imagina o choque que eu levei quando li um texto da Alden Wicker de 01 de março de 2017 com esse título: Conscious consumerism is a lie. Here’s a better way to help save the world: "Consumo consciente é uma mentira. Aqui está um jeito melhor de salvar o planeta", é o que diz o título original.
Quando comecei a entrar mais fundo no mundo da sustentabilidade, me cerquei de perfis no instagram que derramam as hashtags #sustentavel #zerowaste #lixozero e por aí vai, e construí uma bolha que fez uma grande diferença no meu estilo de vida e nas mudanças que eu sigo implementando pra tentar produzir menos plástico, consumir menos, apoiar marcas mais justas, comer alimentos orgânicos e evitar o desperdício. É uma estratégia que recomendo muito, inclusive veja as minhas sugestões de perfis no instagram para te inspirar aqui.
Mas à medida que fui afundando mais nas hashtags de sucesso, comecei a ver as grandes marcas usando essas hashtags como marketing. E aí eu aprendi que isso se chama Greenwashing, que seria traduzido como lavagem verde: usar termos relacionados à sustentabilidade no marketing para associar o conceito sustentável à imagem da marca, sem realmente ser sustentável.
Hoje vi um twitter de uma grande rede de hoteis que espalhou um cartaz pelas paredes do estabelecimento (eu não me lembro exatamente como estava escrito, estou parafraseando) cujo título era "blá blá blá Sustentabilidade blá blá blá" e o texto dizia algo assim:
"somos sustentáveis porque usamos guardanapos de papel que são biodegradáveis e não desperdiçamos água lavando guardanapos de pano".
Pausa para a vergonha alheia.
Continuamos.
Mas o que eu quero dizer como "consumo consciente é mentira"?
Bom, quero dizer algumas verdades:
1. Para enfatizar, consumo consciente ainda é consumo. É explorar recursos naturais. Precisamos? Sim. A que taxas? hummm...
2. É tênue a linha entre estar realmente consciente do que/quando/como/porquê se adquire algo ou ser manipulado a pensar que você está de fato escolhendo comprar aquilo. Nós somos mais manipulados pelo marketing do que reconhecemos, você não acreditaria se começássemos a falar disso agora, mas certamente falaremos mais depois.
[Atualizando:] Ontem, por exemplo, eu estava na fila do caixa no supermercado e peguei um creme hidratante de uma marca famosa que estava na prateleira ao lado. Eu estava precisando, mas peguei o creme para ler. Distraída, quando cheguei em casa, vi que comprei e paguei o creme ser perceber. Você acha que foi só minha a distração, ou alguém já sabia dessa possibilidade e usou como estratégia? Se não acredita nisso, leia o livro: O Poder do Hábito, por Charles Duhigg.
3. Mesmo que pratiquemos o consumo consciente de forma plena, seu efeito será muito pouco, e muito tardio. Nós não estamos na posição de poder esperar que algo que não fazemos (digo, não consumir) faça todo o impacto necessário. Não é mais hora de "não fazer". É hora de arregaçar as mangas e fazer. Efetivamente.
Então, o que fazer para de fato salvar o planeta?
Consumir de forma consciente?
SIM.
Mas não parar por aí.
Diminuir a quantidade de produtos de origem animal na sua dieta é muito importante. Esse é um exemplo muito simbólico e de efeito concreto. São todos os exemplos nos perfis do Instagram que me inspiram diariamente a me esforçar um pouquinho mais. Se você tem dúvidas e quer saber mais sobre o impacto do estilo de vida no planeta, entenda e calcule a sua pegada ecológica.
Em vez de comprar quantidades massivas de produtos de algodão orgânico, sapato de "couro vegano", repense, reuse, recicle, troque... Tem brechó pra todo lado, tem família e amigos que vestem o mesmo que você. Tem tantas outras soluções! Apoie a costureira do bairro na customização e ajuste de peças. Pegue o que você economizou e contribua para uma entidade ou organização que toma a frente e encara os embates diários dos quais nos esquivamos. Todo R$1 faz diferença.
Em vez de comprar pela internet aquele produto de etiqueta verde, que vai chegar cheio de plástico e papel deixando um rastro de combustível fóssil pra trás (o conceito do km0), seja volutário de alguma organização que faça qualquer ação social. Sustentabilidade não é só natureza, é economia e sociedade também. Toda organização precisa de todo tipo de ajuda, até para postar nas suas redes sociais.
Em vez de dirigir quilômetros pra comprar aquela frutinha orgânica, busque políticos que defendem e realmente agem em favor da causa, apoie (se puder, financeiramente) e contribua para constituir representantes responsáveis.
Em vez de pedir um sanduíche vegetariano, apoie pessoas e organizações que multiplicam o conhecimento sobre alimentação saudável e lutam para desmascarar as mentiras que a indústria alimentícia usa como marketing (já que a verdade jamais funcionaria). Tem projetos fantásticos pra apoiar no Catarse, você coloca seu cartão de crédito e pode ajudar a partir de R$ 5,00 ou R$7,00 ao mês. É caro? Caro é o preço que já pagamos por não fazer nada.
Faça-se presente nos conselhos deliberativos da sua comunidade, se envolva. Consumir conscientemente é muito importante, mas não é tudo, não é suficiente, e não podemos esperar.
Conte comigo para todas as questões, opiniões e dúvidas, vamos buscar juntos a resposta. Vamos ler e espalhar a informação, e fazer mais do que apenas "não fazer", sentar e esperar.
E se quiser saber desses projetos baratíssimos para apoiar no Catarse, me escreva. Te mando uma lista por email.
Um abraço!

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