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Os ladrões de sonhos: o que não querem que você saiba sobre a sua liberdade e os sonhos de consumo

Foto do escritor: SabrinaSabrina

Atualizado: 6 de mai. de 2020

Você sabia que existem ladrões de sonhos? Pessoas que se especializam nisso, e cujo trabalho é fazer com que você desista dos seus sonhos de infância para transformá-los em sonhos de consumo?


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Incomodada com o tamanho do meu próprio impacto negativo no mundo, decidi me tornar uma viajante responsável para promover a sustentabilidade. Como acadêmica que sou, me esbaldei de textos técnicos e passei a imergir nesse universo até encontrar um relatório da Divisão de Meio Ambiente da ONU sobre Promoção e Comunicação de Iniciativas de Estilo de Vida Sustentável (você pode consultar nesse link aqui).


Antes disso eu já era uma viajante, e aprendi na estrada que ter coisas materiais te priva da liberdade de partir quando quiser. Foi nessa proposta de um novo estilo de vida que me deparei com este documento da ONU, e li um trecho da sua introdução que me deixou por muitos dias em choque. O último parágrafo da página 6 diz algo que seria traduzido mais ou menos assim:


"Milhões de pessoas consomem em altos níveis, e outros milhões mais aspiram por se juntar a elas, incluindo muitos jovens urbanos de países desenvolvidos. Essa tentência continua enquanto muitos outros são incapazes de atender até mesmo as suas necessidades básicas. Ainda, aqueles que se beneficiam do consumo em massa se esforçam por limitar a habilidade das pessoas em imaginar outras aspirações e desejos."


Após um momento de silêncio mental em que somente esse trecho ecoava continuamente na minha mente, eu comecei a refletir sobre os meus sonhos.


Especialmente os sonhos de consumo.


As gerações dos últimos 50 anos foram condicionadas a substituir seus sonhos mais puros (que talvez trazia lá da infância) por sonhos de consumo. Deixar de ser um astronauta pra ter um carro. Deixar de ser uma bailarina para ter um closet. Deixar de ser uma exploradora aventureira para ter uma casa.


Onde estão os seus sonhos de infância?

Quais são os seus sonhos de consumo?

Quais são os sonhos que você mantém (e busca) na vida adulta que não são coisas compradas?


Outro ponto onde podemos identificar uma distorção de conceitos é este:

Em outros textos deste blog falamos sobre a diferenciação dos conceitos de preço e de valor das coisas, termos que são cada vez mais confundidos na sociedade contemporânea. Tentamos monetizar o valor para precificá-lo, para colocar lucro sobre ele e para torná-lo comercializável. Já não sabemos atribuir valor puro a coisas que não seja pelo dinheiro. "Quanto vale essa peça?" Resposta mais comum: "Ah, vale x reais."


UPDATE 25/04/2020: Você quer um exemplo prático que aconteceu pouco depois que eu publiquei esse texto? Em 23/04 um shopping reabriu durante a pandemia em Blumenau (SC) e o que aconteceu? Uma agloremação sem precedentes, multidões que incluíam muitos idosos invadiram assim que as portas se abriram.


Se você estivesse preso por semanas, qual é a primeira coisa que iria querer fazer quando ganhasse liberdade? Sério mesmo que seria ir pra um shopping? Reflita se esse "querer" realmente vem dos seus desejos mais genuínos ou de uma influência externa que te faz acreditar que shopping é um estabelecimento feito para proporcionar lazer.


Aliás, eu confesso que só me dei conta disso quando observei uma coisa interessante: pela Europa quase não existem shoppings. Cuturalmente, as pessoas não consideram shoppings lugares para lazer. Não estou julgando o brasileiro, nem nos comparando com europeus como se eles fossem algum tipo de modelo. Mas é isso que eu quero dizer com "viajar nos permite enxergar as coisas de um jeito diferente" e que "eu aprendo lições de sustentabilidade viajando".


Por fim, este curto texto é apenas uma breve reflexão daquelas que você lê no ponto de ônibus ou no banheiro. Foi feita assim, para ser objetiva e certeira. A parte principal agora é você que faz. Reflita e reformule suas concepções de valor e de preço, de sonhos e não de consumo, e principalmente: envie esse texto para os jovens que estão crescendo perto de você, sobre os quais você tenha a mínima influência. Os ajude a enxergar a crueldade da manipulação dos sonhos a qual eles tem sido submetidos deste tão cedo.


Depois disso, acho que nunca mais vou usar a expressão "sonho de consumo" novamente. Gravei um breve vídeo sobre isso nas redes sociais, disponibilizado abaixo. Meus sonhos não estão à venda, muito menos tenho que comprá-los.


Quero meus sonhos de volta.



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