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Atualização das regiões zoogeográficas do mundo de Wallace

  • Foto do escritor: Sabrina Simon
    Sabrina Simon
  • 1 de jun. de 2014
  • 2 min de leitura

(Clique neste título para acompanhar as figuras do artigo.)

Este artigo é uma excelente ferramenta para trabalhar a distribuição geográfica das espécies, sua influência na diversificação e o poder das análises filogenéticas. Mostra como uma análise muito simples pode trazer resultados incríveis pro conhecimento científico. Este trabalho foi realizado pela primeira vez no século XIX por Wallace, que dividiu o planeta em 6 zonas zoogeográficas terrestres.


Foram coletadas informações de outros artigos sobre a distribuição geográfica e relações filogenéticas de mais de 21 mil espécies de vertebrados. A diferença é que aqui os autores acrescentaram dados filogenéticos sobre essas espécies. Eles calcularam a beta-diversidade filogenética entre as áreas delimitadas com base em outros estudos (comparando duas a duas). A beta-diversidade é a medida da diferença em composição de espécies entre duas localidades. Já a diversidade filogenética considera que, dentro de uma comunidade, a diversidade será maior quando as espécies forem filogeneticamente distintas (para saber mais, clique aqui).


Os autores identificaram 20 zonas zoogeográficas (Fig. 1 do pdf). Eles usaram também a beta-diversidade para identificar as zonas únicas: aquelas mais diferentes das demais, que foram a Austrália, Madagasgar e América do Sul [Fig 2]. Você já imagina o porquê? Estes três blocos estiveram muito isolados dos demais continentes deste a sua deriva na Pangea até recentemente. Este fenômeno é gerador da endemicidade que ocorre em áreas com muitas espécies diversas e restritas a um único local ou a poucos locais. Estas são as espécies endêmicas.


Pra mim, o mais empolgante dos resultados é que eles encontraram a Linha de Wallace: uma suposta barreira de natureza desconhecida entre as ilhas de Borneo e Sulawesi que impede a dispersão entre as zonas Australiana e Asiática. Esta linha foi deslocada, dependendo do grupo em estudo, mas no mapa gerado pela análise de pássaros ela foi exatamente igual à proposta pelo naturalista em 1876.


Em algumas regiões os anfíbios apresentaram maior endemicidade do que os mamíferos e aves que habitam o mesmo lugar. Segundo eles existe maior correlação na diversidade filogenética entre mamíferos e aves do que qualquer desses grupos em relação aos anfíbios. A diversificação de um grupo pode se iniciar muito antes que a de outro na história evolutiva. Neste caso seriam os anfíbios os mais antigos em suas respectivas regiões, apresentando assim pouca correlação perante os outros grupos.


As condições climáticas estáveis no Hemisfério Sul podem ter colaborado para diminuir as taxas de extinção em relação ao Norte. Com menos extinções, é possível que táxons mais antigos permaneçam por mais tempo em seus habitats, diminuindo o turnover de espécies e consequentemente, a beta-diversidade.


Enfim, a metodologia deste estudo é extremamente simples, porém trabalhosa devido à quantidade de dados analisada, que o tornam robusto e quase inquestionável. Eles aperfeiçoaram e confirmaram o trabalho de Wallace, e ainda mostraram o que a filogenia molecular pode acrescentar aos estudos. Como os próprios autores dizem, as aplicações destes resultados são de grande impacto e utilidade em diversas áreas, principalmente aquelas com finalidade de conservacão.


Espero que vocês tenham gostado tanto quanto eu gostei e levem esta análise para a sua sala de aula, seja você professor ou aluno.


Até a próxima,

Equipe CPS.



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© 2014 by SSimon

Espírito Santo, Brazil

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