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Bases ecológicas para a erradicação da Malária

  • Foto do escritor: Sabrina Simon
    Sabrina Simon
  • 15 de out. de 2014
  • 3 min de leitura

Por que a erradicação da Malária pelo programa da OMS não deu certo?

Faltou Ecologia.


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Em 2007 a Organização Mundial da Saúde lançou o Programa Global para a Erradicação da Malária por meio de um método chamado Redes de Mosquitos tratadas com inseticida (Inseticide-Treated Mosquito Nets - ITN). Mas ele não só não erradicou a malária como gerou um desconforto muito grande entre a comunidade científica e a OMS.


Este artigo traz os principais obstáculos ecológicos e sugestões de pesquisas que podem tornar possível a erradicação da Malária, provavelmente a parasitose que mais mata no mundo, a partir do controle do seu vetor.


Em primeiro lugar, esta rede de mosquitos tratada com inseticida (ITN) refere-se a um mosquiteiro cujas fibras são pulverizadas ou tecidas com um componente químico para repelir ou matar os mosquitos. A falha desta ideia foi pensar que o mosquito Anopheles sp, transmissor do Plasmodium sp, só morde as pessoas dentro de casa, e só à noite. Não é assim.


Os obstáculos citados pelos autores para o controle do mosquito são: (1) seu comportamento variável diante das medidas de controle. Se você evitar que ele fique dentro de casa, ele pode te morder fora de casa. Se você evitar que ele morda a noite, ele pode passar a morder durante o entardecer. Esta plasticidade comportamental pode ter bases genéticas, o que tornaria ainda mais difícil cercar o mosquito por todos os lados ao longo das gerações.


(2) A resistência o inseticida é possível, assim como acontece para diversas espécies (inclusive entre os microrganismos em relação a antibióticos).


(3) Comportamento de evitação. O comportamento do vetor pode ser adaptável de forma a lhe permitir driblar as medidas aplicadas ao seu controle. Ele pode desenvolver preferência por um hospedeiro diferente, ou preferência de hábitos. Estas alterações vão além da plasticidade comportamental diante das barreiras apresentada no primeiro tópico. Elas podem ser decorrentes de uma plasticidade fenotípica ou mudança evolutiva.


Vale a pena dar uma paradinha aqui e discutir a diferença entre plasticidade fenotípica e mudança evolutiva.

Quando se fala em evolução, falamos necessariamente de mudança ao longo das gerações. Neste caso aqui, principalmente pela Seleção Natural: os indivíduos que forem capazes de resistir ou driblar as medidas de controle passarão essa capacidade aos seus descendentes, e ao longo de uma geração teremos uma população diferente da anterior.


Mas quando falamos de plasticidade fenotípica, não nos referimos estritamente a alterações ao longo de gerações. Ela pode acontecer numa mesma geração, em que o organismo tem a capacidade de alterar o seu fenótipo, passando a expressar outras características diante das novas condições. Claro que esta capacidade é herdável, e ela também será aprimorada ao longo das gerações.


Imagine uma planta. Você lhe fornece água e nutrientes, e ela cresce forte, investe em estrutura para competir com as outras em busca de luz. Daí você pára de colocar adubo e água, e ela pára de se preocupar só com a luz para começar a buscar nutrientes e água da terra. Diminui a sua taxa de crescimento e produção de folhas, passando a investir em raízes mais profundas. Ela mudou seu fenótipo.


(4) A variabilidade genética do vetor. Ele pode se apresentar em estruturas populacionais complexas, ou fazer parte de espécies complexas - aquelas que podem estar no caminho da especiação, e não fica claro se elas são da mesma espécie, sub-espécie... Uma medida de controle desenvolvida para um padrão genético pode não funcionar para outro. Com linhagens de vetores diferentes, é ainda mais difícil que existam medidas capazes de antingir todas elas.


(5) Interações ecológicas. Cada espécie existente está inserida numa infinita rede de interações ecológicas. E às vezes, a eliminação de uma delas pode gerar outros problemas. Por exemplo, a extinção de uma espécie que exerce o papel de vetor primário pode abrir espaço para um vetor secundário exercer seu papel. Há também os efeitos dependentes de densidade. Algumas espécies, quando têm sua população reduzida a números muito baixos, adquirem uma incrível capacidade de se reproduzir, ou crescer, ou desenvolver...


(6) Reprodução e dispersão.


(7) Mudanças ambientais.




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