Pirâmide etária e Curva de sobrevivência: Roteiro de aula prática de Ecologia de Populações II

O estudo de vários atributos populacionais é necessário para implementar estratégias de manejo de uma população, elaborando questões como:

Esta população está em risco de extinção?

O que pode ser feito para evitar isso?

Para responder perguntas assim, precisamos saber qual é a chance de sobrevivência de cada idade. Há populações em que os indivíduos que mais morrem são os mais jovem, outras em que só se morrem os velhos, e outras em que os sujeitos morrem independentemente da idade. É uma das coisas que o IBGE faz, entre diversas outras.

1. Pirâmide etária

Contar quantos indivíduos existem em cada faixa etária na população constitui a pirâmide etária, como esta (clique na imagem para conhecer a fonte):

Esta é uma forma excelente de conhecer uma informação importantíssima sobre a população, pois no caso das populações humanas, o governo pode planejar os investimentos em serviços específicos para cada idade, como saúde e educação.

Para fazer em sala de aula: construa a pirâmide etária da sua turma.

Estabeleça classes etárias (como 18-19; 20-12...) e conte quantas pessoas se enquadram em cada uma delas.

2. Curvas de sobrevivência

A pirâmide etária é uma informação estática sobre a população. Agora vamos construir um dado dinâmico: a curva de sobrevivência.

Imagine que você fez uma plantação de grama no seu jardim, e viu o dia em que todas as plantinhas nasceram. Você anotou quantas sementinhas germinaram = 500!

A cada semana você volta e conta novamente a sua população de gramas, e tem os seguintes dados:

Semana 0: 500

Semana 1: 480

Semana 2: 450

Semana 3: 380

Semana 4: 100

Semana 5: 0

O ciclo de vida dessa espécie é de 5 semanas. A população acabou, todas morreram. Quando deu o tempo de morrer, elas morreram, simplesmente.

Aí você constrói uma tabela com essas informações, e vai plotar em um gráfico onde x = idade (em semanas) e y = número de sobreviventes. Como ficaria esse gráfico?

Você viu que aquela espécie de grama não é uma boa opção para o seu jardim, e foi em busca de outra espécie. Ao plantar essa nova grama e repetir o processo de monitoramento, você obteve os dados abaixo:

Semana 0: 500

Semana 1: 180

Semana 2: 150

Semana 3: 80

Semana 4: 50

Semana 5: 10

Como se comporta a curva destes dados em um gráfico?

Comparada à espécie anterior, qual é a diferença no comportamento desses dados?

Só para matar a sua curiosidade de aspirante a cientista, você resolve testar uma terceira espécie de grama, e os dados coletados são os seguintes:

Semana 0: 500

Semana 1: 450

Semana 2: 400

Semana 3: 350

Semana 4: 200

Semana 5: 250

Mesmo que você não espere toda a geração morrer, como a curva desses dados aparece no mesmo gráfico?

Você pode não ter tido muito sucesso no seu jardim (ainda), mas já identificou um padrão ecológico muito interessante: existem chances de sobrevivência diferentes para cada população de espécie.

A imagem abaixo está em inglês, mas você consegue identificar cada uma das curvas que você encontrou comparando com as das populações abaixo?

As populações que apresentam a curva do Tipo I são aquelas em que as chances de sobrevivência em qualquer idade são altas, e os organismos só morrem de velhos, quando tem que morrer. Organismos que possuem cuidado parental apresentam esse padrão. Em países desenvolvidos, com excelentes serviços de saúde, geralmente esta é a curva encontrada.

As curvas do Tipo II representam populações em que os indivíduos morrem independentemente da idade: jovens e velhos morrem nas mesmas taxas.

Já populações com a curva do Tipo III são aquelas em que a mortalidade infantil é muito alta, o que é muito característico de espécies que produzem uma quantidade muito grande de prole, mas pouquíssimos sobreviverão até a fase adulta.

A construção de uma curva de sobrevivência depende da tabulação dos dados - a organização dos dados em tabelas. Essa tabela se chama tabela de vida, em que você acompanha periodicamente a população, contando o número de sobreviventes a cada etapa. Assim, você determinará qual é a chance de sobrevivência para cada idade.

De forma muito simples e intuitiva nós podemos entender os padrões mais centrais da ecologia, que sustentam diversas ações e estratégias de conservação de populações de espécies ameaçadas ou otimizar o uso de recursos públicos em serviços para populações humanas. E agora você domina essa arte!

Fonte das imagens: para conhecer o autor, clique sobre as imagens.

Ilustrativas: acervo Wix.