Seleção de Grupo - Verdade ou mentira?
- Sabrina Simon
- 24 de out. de 2017
- 3 min de leitura
A Theory of Group Selection - D. S. Wilson, 1975
Group Selection - J. M. Smith, 1976
O Gene Egoísta - R. Dawkins, 2001
WARNING: RISCO DE EXPLOSÃO CEREBRAL
Eu sempre me atraí pelo comportamento de organismos sociais como as formigas! A complexidade da sua organização vai muito além do que os nossos cérebros mortais conseguem entender. Não subestime as formigas! Elas desafiam as mentes mais brilhantes desse século!

Veja só:
Existem casos na natureza em que indivíduos em grupo possuem maior viabilidade do que quando vivem sozinhos. Um conceito chave para discutir a seleção de grupos é o altruísmo: propriedade em que um indivíduo se sacrifica em benefício de outro, enquanto a sua própria viabilidade diminui para aumentar a do beneficiado. Contraditório, não? Sim, por isso muitos biólogos não recorrem à seleção de grupos como uma força significativa na natureza. Se um altruísta se sacrifica por qualquer outro indivíduo da sua espécie indiscriminadamente, ele pode salvar outro altruísta (o qual poderá se reproduzir e espalhar seus genes altruístas pela descendência) ou pode salvar um egoísta, e tudo teria sido em vão. Dessa forma, este comportamento altruísta eventualmente deixaria de existir.
Entretanto, foi elaborada uma condição para que o altruísmo seja favorecido por seleção: O altruísmo por parentes. Como dissemos, se um altruísta exerce seu ato heroico de morrer em lugar de qualquer um, ele pode tanto salvar um altruísta (o que teria valido a pena, de certo modo) como um egoísta. Mas se ele praticar esse ato por um parente, as chances de esse parente compartilhar com ele o(s) gene(s) do altruísmo serão bem maiores, e se esse sujeito salvo se reproduzir, talvez a frequência desta característica aumente na população ao longo das gerações.

Existe uma relação matemática bem elaborada para explicar isso. A condição é a seguinte: O altruísta sofre um custo c pelo seu comportamento (que pode ser a morte e a oportunidade de se reproduzir), e o receptor desse ato recebe um benefício b. Para que o altruísmo valha a pena, b > c (em palavras, tem que valer a pena).
Falando do altruísmo em si, vamos considerar que r (que vem de relative = familiar, em inglês) seja a probabilidade de dois parentes compartilharem esta característica. Esta probabilidade depende do pedigree, da frequência do gene na população e do grau de parentesco entre os indivíduos. Então, a condição para a seleção natural favorecer o altruísmo na população será se: rb > c.
O que eu acabei de apresentar pra vocês é a “Seleção Kin” ou Seleção de Grupos, sob a condição rb > c, conhecida como “Regra de Hamilton”. Entretanto esta explicação ainda não convence boa parte dos biólogos quanto à magnitude desta força na natureza.
Para justificar a força da Seleção de Grupos na natureza, a maioria das teorias propõem uma condição muito pouco provável: Um grupo pequeno composto unicamente por indivíduos altruístas pode tornar este comportamento predominante se ele vier a ocupar um local onde grupos egoístas foram extintos. Desde que as taxas de migração entre grupos não cause a reintrodução de um egoísta. As pouquíssimas chances de isso ocorrer são devido à seleção natural nunca eliminar o comportamento egoísta. Egoístas só seriam eliminados por acaso – por Deriva Genética.
As formigas, abelhas e vespas não são os únicos organismos sociais. Na verdade somos muitos, e se a seleção natural permitiu que essa característica se perpetuasse nas linhagens, é porque ele é vantajoso.

Mas enquanto Wilson (1975) e Smith (1976) estão de um lado defendendo e tentando argumentar a favor da importância do altruísmo na seleção de grupo, Dawkins (2001) vem e destrói qualquer esperança que você poderia ter na bondade alheia. E com argumentos tão convincentes que é difícil questionar.
(Sério, se você tiver algum questionamento interessante sobre a hipótese do Gene Egoísta, manda pra gente!)
A grosso modo, ele diz o seguinte:
Nós somos máquinas controladas pelos nossos genes, eles são as entidades dominantes sobre nós. É como se os genes usassem você como veículo para se propagar (quando você se reproduz). Se você se sacrificar por outro indivíduo e não se reproduzir, seus genes serão eliminados. É exatamente o que a seleção natural faz com o que "não presta": elimina.
Então, se você resolver fazer um sacrifício por alguém, problema seu, prejuízo só seu e benefício daquele que você salvou. A seleção natural jamais favoreceria alguém que se mata pelo bem do outro, independentemente de ele ser parente seu ou não. Isso vai contra os princípios da seleção natural.
Então?
Seleção de Grupo - Verdade ou mentira?
Se eu te falar que a ciência tem mais perguntas sem resposta do que respostas para as perguntas, você acreditaria? Acredite, essa se trata de uma delas.
Mas e você, o que acha?

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