A nova era da biologia
- Sabrina Simon
- 7 de nov. de 2017
- 2 min de leitura
Todo estudante de biologia, por algum momento, se imaginou como aqueles grandes naturalistas do passado em meio às selvas, com suas lupas, suas coleções e seus cadernos de campo com o ensaio de grandes descobertas científicas. Pois bem, venho por meio deste comunicar-lhes que infelizmente essa era passou para nós.

A ciência tem sido a causa e a consequência das grandes mudanças tecnológicas que marcam essa Terceira Revolução Industrial. O caráter científico mudou, essencialmente na forma como se faz ciência. Por isso, se você é um aspirante a cientista saiba que a sua disposição por aprender coisas novas deve ser muito maior do que você esperava.
Normalmente os novos alunos das ciências biológicas escolhem essa carreira por pensar (ingenuamente) que não terão que lidar com números. Mas vou te desiludir novamente: a cigana te enganou. O biólogo da modernidade tem, de certa forma, muito em comum com o naturalista do passado. A ciência de 150 anos atrás era feita por pessoas que entendiam bastante de vários campos diferentes. Médicos eram botânicos (para entender de plantas medicinais) e zoólogos (para entender de doenças causadas por vetores, por exemplo). Com o passar do tempo a especialização da ciência caminhou para um abismo, mas agora é hora de voltar. O biólogo moderno tem que ter, no mínimo, disposição para conviver harmonicamente com números, equações, planilhas e algoritmos de análise.

Infelizmente as instituições de ensino superior em ciências biológicas no Brasil ainda não se despertaram para essa tendência, e os estudantes entram e saem da sua graduação sem entender lógica básica, sendo um quase-analfabeto-digital e repudiando tudo o que mistura número e letra (ou basicamente tudo o que tem número por perto), pior ainda se for em outra língua. Minha experiência com docência no ensino superior me mostrou que, se as instituições de ensino não inserirem urgentemente inglês, lógica, matemática básica e programação básica em seus componentes curriculares especificamente no início do curso, os biólogos formados não serão capazes de exercer em plenitude as suas habilidades, pois todas as ferramentas disponíveis dependem da familiaridade com esses assuntos.
Enquanto isso, não perca tempo e tome sobre si a responsabilidade sobre a sua formação. Na homepage desse site disponibilizamos links de plataformas que oferecem cursos gratuitos e pagos sobre todos esses assuntos, ofertados pelas maiores universidades do mundo! Infelizmente a demanda de mão de obra é grande e não há lugar pra todo mundo. Então corra na frente e se garanta. Números não são seus inimigos, mas serão, se você continuar acreditando que deve ter medo deles. Seja um biólogo (ou qualquer outro profissional) que dê orgulho à nossa classe! Honre os naturalistas multidisciplinares do passado e seja um cientista transdisciplinar. Só precisa de disposição, nada mais!

(Eu li em algum lugar que os melhores cientistas de dados são os biólogos por formação, pois são profissionais capazes de lidar e conectar com grande quantidade de informações ao mesmo tempo. Mas é óbvio que pra isso é preciso conhecer mais sobre essa área.)
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