A viagem da medicina moderna ao passado: o ressurgimento das doenças infecciosas
- Sabrina Simon
- 8 de jun. de 2018
- 3 min de leitura
Desde a descoberta da Penicilina, em 1928, pensamos que tínhamos vencido as doenças infecciosas. Além disso, as condições de saúde, higiene e alimentação das populações melhoraram, o acesso à educação e aos serviços de saúde é bem melhor do que era há um século atrás. Como estes são fatores básicos que contribuem para os surtos epidêmicos da maioria das doenças infecciosas, achamos que esse tipo de problema faria parte do passado.
Mas achamos errado. Muito errado. Esquecemos da evolução biológica.

As doenças infecciosas são doenças transmissíveis causadas por patógenos como vírus, bactérias, fungos ou protistas, muitos deles veiculados por vetores, e normalmente muitas espécies de animais ou plantas podem estar envolvidas na sua rede de transmissão. Para alimentar a sua curiosidade, aqui vai uma lista das maiores epidemias da história.
Mas, se já vencemos tantas doenças como a varíola, que foi exterminada, e a poliomelite, que praticamente desapareceu por anos, por que estamos voltando a sofrer as ameaças da Idade Média, diante de tanta tecnologia e avanços científicos? A questão é que estamos criando novas condições para a evolução das doenças. E como fazemos isso?
Em primeiro lugar, não se esqueça de que as doenças infecciosas envolvem organismos vivos, e que todos os organismos vivos evoluem. Isso significa que as linhagens mudam ao longo do tempo, se adaptando às novas condições. Por exemplo, a própria penicilina e os outros antibióticos que foram produzidos depois foram utilizados em larga escala na população (na maioria das vezes indiscriminadamente), provocando um processo que chamamos de pressão seletiva sobre as bactérias, seguindo a velha regra da natureza: "O que não mata, fortalece".
Pressão seletiva é quando os organismos são obrigados a se adaptar, ou são eliminados. Apenas aqueles que possuem as condições necessárias para se adaptar (ex: um gene específico) sobreviverão, e todos os demais serão exterminados. A partir daí, todas as populações desses organismos possuem as características da sobrevivência. É assim que surge a resistência aos antibióticos ou aos defensivos agrícolas usados para combater pragas. A resistência não é criada, ela já existe em alguns organismos. Ela só se espalha. Ou seja, quem não morre, se multiplica.
Mas além disso, estamos contribuindo de outras formas para as nova era das doenças infecciosas, mesmo com todos os avanços da medicina. E essas formas são a superpopulação mundial e destruição da natureza.
Primeiro, as doenças infecciosas são transmissíveis, e quanto mais gente estiver convivendo no mesmo espaço ao mesmo tempo, maior será a facilidade de ela se espalhar. As grandes cidades superpopulosas são o cenário perfeito pras doenças infecciosas se tornarem imbatíveis. Sempre vai ter um infeliz doente carregando o patógeno e alimentando o ciclo.
Segundo, todos os impactos das atividades humanas sobre a natureza representam as pressões seletivas desse século que estão fazendo as doenças infecciosas evoluírem muito mais rápido do que somos capazes de combater! E pior: na ausência de hospedeiros silvestres, quem você acha que será o hospedeiro preferido dos patógenos? Os humanos, claro!
Nós pensamos que tínhamos vencido as doenças infecciosas, mas na verdade elas estão reemergindo, e vão voltar mais fortes do que nunca. Pode ser que ainda tenhamos tempo de lutar, mas o primeiro passo deverá ser, OBRIGATORIAMENTE, reduzir a nossa pegada ecológica, que é a marca que estamos deixando no planeta. Ou então, se prepare para um apocalipse zumbi.
Assista a seguir o vídeo do Nerdologia para entender como isso acontece:
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