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Como fazer um turismo autêntico em Veneza e ter uma experiência única (parte 2)

Foto do escritor: SabrinaSabrina

Atualizado: 22 de abr. de 2020


O primeiro texto desta série trouxe uma contextualização dos problemas que os moradores de Veneza enfrentam para sobreviver na cidade e preservar sua riqueza cultural. Concluímos que o turismo sustentável é um imperativo urgente para resgatar a cidade inundada. E agora que você é um viajante consciente do problema e de como as suas atitudes impactam o mundo, apresentamos a segunda parte do texto: O que os cidadãos locais pedem para os viajantes enquanto visitam a cidade da arte, e como isso pode te proporcionar uma experiência mais profunda do que o turismo superficial.



Já vimos antes que o turismo sustentável tem duas características: a retribuição e a autenticidade. Por isso, além de apresentar informações turísticas sobre a cidade, quero te levar a refletir e, quem sabe, te inspirar a ser um turista responsável, dando condições de planejar um passeio que deixe um impacto positivo para a comunidade veneziana. Isso é sustentabilidade.


Aqui vou te contar algumas coisas num papo mais turístico:

  • Como se preparar para visitar Veneza

  • Como chegar e sair da cidade

  • Como se locomover por lá

  • Uma dica leve do que apreciar (e uma forte recomendação para ir além do óbvio)


Venezia Autentica

Antes de tudo quero apresentar os recursos da associação de moradores de Veneza criada para ajudar os visitantes a deixar um impacto positivo na cidade inundada: a Venezia Autentica. O site é repleto de sugestões para um turismo autêntico e de vaixo impacto.


Uma jornada rumo à La Serenìsima


Você já leu no texto 1 que o centro histórico é composto por mais de 100 ilhas ligadas entre si por pequenas pontes, a maioria delas com degraus. Então bicicletas, carrinhos de bebê e malas de rodinhas não são uma boa opção na cidade. Assim como cadeiras de rodas também são um desafio. O que nos leva à primeira dica sobre como se preparar para uma aventura exploratória na cidade da arte:


Como se preparar


Calçado confortável e mochilas, nada de mala de rodinha

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Em Veneza só há duas formas de locomoção: por água ou a pé. Então você já entendeu que a primeira dica é: vá de mochila. As pontes possuem degraus, então mala de rodinha é uma péssima ideia. Esteja livre para caminhar. Perambular é a única forma de conhecer as ruas da cidade (e se perder, inevitavelmente).


Como chegar e sair da cidade da arte


Estou certa de que a essa altura você já entendeu que nem vou perder tempo falando de outros tipos de transporte que não sejam coletivos. Portanto, para chegar e sair de Veneza, temos duas opções: ônibus ou trem.


Mapa do centro histórico de Veneza



Ônibus - Terminal Troncheto

Parti de Milão no ônibus da Flixbus e 3:30h depois chegava ao terminal de Tronchetto. Não foi fácil achar um guichê para comprar o bilhete para o vaporetto, que fica perto do estacionamento. Ali nesse terminal tem um ponto para dois vaporettos que vão por canais diferentes e chegam na mesma região central da cidade. Tomei o que ia pelo canal mais largo só pra passear. Se você for se hospedar pela região da Piazza San Marco, pode escolher qualquer um dos dois e ir até a Ponte Rialto.


Parêntesis: optei por ir de ônibus porque o valor da passagem era a metade do preço da passagem de trem, e o percurso levava só uma hora a mais. A pegada de carbono é maior? sim. Mas a Flixbus tem um sistema de compensação de carbono: paguei um valor simbólico adicional de 0,39 EUR que a empresa envia para uma ONG que trabalha para diminuir a extração de lenha como combustível para fogões domésticos em algumas regiões da África. Eu sei, este não é o modelo ideal de redução da pegada ecológica, mas pretendo aprofundar nesse tópico em outro momento.


Trem - Estação Santa Lucia

Cheguei à cidade de ônibus e parti de trem para Verona. A estação é super fácil de encontrar (dá-lhe Google Maps na mão), grande e bem organizada. E fui caminhando do hotel até lá em vez de refazer o percurso de vaporetto. Como estava com mochila, foi um tour excelente por outras partes da cidade encantadora que eu teria perdido a oportunidade de ver!


Como se locomover em Veneza


Segundo os próprios moradores, táxis aquáticos e gôndolas são um grande problema para a cidade que depende da fluidez dos canais para funcionar, mesmo que esses veículos sejam instagramáveis. Seguindo a vibe coletiva pra redução da pegada de carbono, reforço a sugestão do transporte coletivo e especialmente das canelas.


As duas alternativas mais sustentáveis (em todos os sentidos) para a economia local são:


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Vaporetto

O vaporetto é o ônibus coletivo para transporte público de Veneza, que percorre os canais e pára em pontos que são balsas (veja as fermatas na foto, à esquerda). O bilhete custa 7,20 EUR (preço em janeiro de 2020) e é vendido em guichês (no terminal de ônibus) ou nas balsas de embarque (fermatte).


Como todo transporte público na Itália, eles só aceitam pagamento em dinheiro para a compra de bilhetes em todas as cidades que eu visitei.


A pé

Todo o seu passeio pelas ruas frias e tortuosas de Veneza será a pé, se perdendo pela cidade. Não há outro jeito, e é muito engraçado perceber que TODOS os turistas estão tentando se encontrar com o GPS. Os vaporetti e as gôndolas se restringe aos canais, mas a experiência está em vagar errante e se admirar com o estilo arquitetônico Gótico Veneziano.


Aliás, se esta for, de fato, a sua primeira visita à cidade, se prepare para ser empurrado por multidões o tempo inteiro, em todos os lugares. A não ser que você já esteja interessado em viver uma experiência menos óbvia e mais especial, se deixando guiar pelo instinto viajante de se perder para se encontrar.



Como ser um viajante de impacto positivo em Veneza


As fontes de água

Assim como outras cidades italianas, Veneza dispõe de fontes de água potável de graça distribuídas pela cidade, como tentativa de estimular a diminuição da produção de plástico descartável. E pra você saber, caso precise comprar água, os mercados de Veneza são bastante caros (afinal, além de ser uma cidade turística, todo o abastecimento de mercadorias feito por água encarece o processo).


Permita-se redescobrir a concepção de tempo

O slow travel é a modalidade de viajar mais sustentável que existe, e eu poderia me perder romantizando sobre o significado do tempo em uma jornada. Mas a questão é que não existe sustentabilidade quando corremos para explorar o maior número de pontos no menor tempo possível, especialmente quando se trata de uma herança cultural milenar.


Então, se puder, não corra, mas tome seu tempo. A pedido dos moradores, eu digo: reserve pelo menos um fim de semana para desfrutar da cidade. O fato de que caminhar torna o passeio mais lento, e além disso, um dia é pouco para conhecer até a lista de pontos turísticos mais óbvios.


Uma sugestão muito comum para reduzir os impactos negativos do turismo em qualquer lugar é tentar, na medida do possível, evitar as altas temporadas. O problema é que não existe baixa temporada em Veneza. Neste caso, talvez a sugestão aqui seja: evite reveillon e carnaval.


Se deixe guiar pelo autêntico - os olhos de um guia local

Cá entre viajantes, a forma mais genuína de viver essa experiência é pelos olhos de um morador. Existem vários sites de free walking tour em Veneza, não pretendo indicar nenhum específico. Em geral, no final espera-se que você dê uma contribuição simbólica à pessoa que te guiou. Além disso, existe a opção das Experiências do AirBnB e as ofertas de guias nativos no site da Venezia Autentica.


Por que isso é importante? Imagino que você já percebeu o quanto insisto na ideia de que autenticidade é sustentabilidade (e vice-e-versa). Ter a população local participando do turismo é a forma mais efetiva de retribuir à comunidade pela oportunidade que nos é concedida enquanto viajante. Os locais não são apenas a fonte mais legítima de cultura e história, mas a renda gerada por esse mercado retorna à população, e não fica retida nas mãos de grandes operadoras do turismo.


Mais formas de apoiar a comunidade

A associação Venezia Autentica é quase um pedido de socorro da comunidade aos seus turistas. Por isso, vasculhe e desfrute de tudo o que puder aprender pelo site da Venezia Autentica. Inclusive, se você adquirir o voucher de apoio à organização, terá desconto em todos os estabelecimentos credenciados. Apenas locais geridos por moradores participam, o que garante uma experiência autêntica.


Quando um souvenir que vai é um apreço que fica


Os locais imploram: Por favor, seja criteriosos com os souvenirs. Os artesãos que são moradores se empenham em preservar tradições centenárias na arte de expressar a sua cultura em pequenas peças de arte. Porém tem sido cada vez mais difícil enfrentar a concorrência com vendedores ambulantes que se espalham pelos pontos turísticos com souvenirs importados e produzidos em larga escala. Por isso, a maior parte do dinheiro que os visitantes gastam acaba deixando a cidade depois que eles vão embora.


Se quiser levar algo que é a mais legítima representação da tradição veneziana, pense no vidro veneziano. Além de ser 100% e infinitamente reciclável, é a arte mais marcante dominada pelos mestres venezianos. Assim expressamos o nosso apreço por uma tradição milenar, sem poluição e geração de resíduo zero, e ainda contribuímos para os artistas locais.


Não se trata da peça em si, mas de admirar uma arte viva. Não se pode assistir um ambulante produzindo os souvenirs de plástico com cola, mas podemos ver os mestres da produção de vidro veneziano performando sua arte. A autenticidade garante a sustentabilidade, e essa regra é universal.


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A arte da produção do vidro veneziano

Por fim, aconselho que você aprofunde no assunto sobre como fazer turismo sustentável na Europa. Quem sabe a sua experiência traga outros insights? Se sim, compartilha comigo!


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