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Saiba como fazer um turismo autêntico em Veneza: O Patrimônio da Humanidade que pode desaparecer

Foto do escritor: SabrinaSabrina

Atualizado: 22 de mai. de 2020

Este texto é a parte 1 da série sobre Veneza. Quando terminar, não deixe de complementar a leitura com roteiros e dicas na parte 2.


A cidade da arte é um Patrimônio da Humanidade ameaçado pelos efeitos do turismo massivo e irresponsável. É o estudo de caso perfeito para refletir na prática de um turismo mais autêntico e responsável. Quer dar uma chance de experimentar esse novo jeito de viajar e impactar o mundo?


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Se você estiver planejando uma viagem à cidade inundada, este conteúdo é para você, com dicas turísticas e reflexões sobre o impacto de algumas atitudes que podem contribuir para o bem de Veneza. Além disso, eu vou apresentar 2 organizações de cidadãos venezianos que tem por objetivo salvar a cidade e orientar os turistas a práticas responsáveis: Na parte 1 (esta) a We Are Here Venice e no texto da parte 2, Venezia Autentica.


Nesse sentido, os dois textos têm duas mensagens principais:


1. Enquanto o turismo tradicional é apenas usufruir, o turismo sustentável consiste na retribuição. O modelo extrativista deve ser substituído pela troca quando se trata de construir um mundo sustentável.


2. Quanto mais autêntica for uma experiência, mais sustentável ela é. Quer entender a relação entre autenticidade e sustentabilidade? Siga no texto.


Se engana quem pensa que o problema de Veneza são as oscilações da maré


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Veneza é uma cidade única, símbolo do romance e da arte. Tem um estilo arquitetônico só seu (o Gótico Veneziano) e detém a arte da produção de vidro veneziano há séculos. Tudo isso justifica o fato de a cidade inundada ser um dos patrimônios da Unesco mais preciosos da Itália.


Mas a comunidade dos moradores da cidade enfrenta lutas contínuas pela preservação da riqueza cultural e histórica. Eles se uniram na formação da We Are Here Venice, uma organização que ergue 5 bandeiras simultâneas: (1) Pedir que os grandes cruzeiros sejam impedidos de atravessar os canais, (2) Preservar a laguna, (3) Reverter o declínio populacional (a evasão de moradores por falta de qualidade de vida), (4) Gestão responsável do turismo e (5) Aumento de uma consciência sustentável comunitária.


Por isso, além de propor informações turísticas sobre a cidade (no texto da parte 2), quero te levar a refletir e quem sabe, te inspirar a ser um turista responsável (pois não é fácil encontrar informações como essas por aí). Ao te mostrar as dificuldades que a cidade enfrenta em função do turismo irresponsável (no texto 1), espero te dar condições de planejar um passeio que deixe um impacto positivo para a comunidade veneziana (no texto 2). Isso é sustentabilidade.


Uma jornada pela La Serenìsima


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Pesquisar sobre a cultura e história do destino é o primeiro mandamento do viajante responsável. Como isso é exatamente o que você está fazendo aqui no meu blog (obrigada), vou retribuir com um pouco de conteúdo.


Veneza foi a capital da Sereníssima República de Veneza entre os anos 810 e 1797, e tinha sua própria moeda (a lira veneziana) e idioma (o vêneto). Ela começou a partir da ocupação das ilhas por povos que fugiam da invasão bárbara a partir do século V, e seu crescimento aconteceu ali, sobre a água mesmo, aterrando as bordas das mais de 100 ilhas para estreitar os canais e facilitar o fluxo entre elas. A porção continental de Veneza, chamada Mestre, foi anexada recentemente à cidade ilhada.


Mas o presente dessa jóia inundada é bem diferente. A Veneza do passado e a do presente são duas cidades diferentes.


Você já se imaginou sendo despejado da sua casa para dar lugar a pessoas estranhas que querem curtir e explorar o seu espaço sem pedir licença? O lugar onde você nasceu ou fez a sua vida agora é invadido por outros que vem explorar e instalar a anarquia. Parece que estou narrando a colonização do Brasil, mas é que a colonização nunca acabou. Isso não é algo que acontecerá no futuro, é a vida dos cidadãos de Veneza, que não conseguem mais arcar com os custos de vida, ou a falta de infra-estrutura para tratamento de esgoto e gestão do lixo e a super lotação contínua.


O que fazer então? Parar o turismo é a resposta?

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Definitivamente não. Veneza é uma cidade turística e depende dessa atividade para existir. Mas paradoxalmente, é o que a está matando. Veneza precisa de viajantes conscientes e responsáveis. A melhor sugestão para encontrar e apreciar a cultura autêntica da cidade é sair do óbvio e se aventurar por cafés e tudo o que se puder encontrar fora da Piazza San Marco.


Os cidadãos pedem pela regulamentação dos hotéis e residências, pedindo para que se impeçam que mais hotéis sejam abertos numa cidade que já não tem capacidade de captação do esgoto e lixo gerado pelo contingente atual. 70% dos moradores nativos deixaram a cidade nos últimos 70 anos por não suportarem o peso contínuo do turismo desrespeitoso, de acordo com a Venezia Autentica.


Mas uma das maiores lutas dos cidadãos venezianos é pedir a proibição da travessia de cruzeiros pelos canais da cidade. Não somente pelo risco de atingir os monumentos históricos, mas pela interrupção do tráfego nos canais e pela poluição atmosférica, sonora e visual gerada (veja o vídeo abaixo).


O conto das duas cidades: Veneza no passado e no presente


O olhar de um fotógrafo veneziano que viveu capturando as belezas da cidade revela hoje somente tristeza e poluição. Para Gianni Berengo Gardin, Veneza se tornou incapaz de exalar seu encanto diante de tanta poluição visual, arruinando a forma como ele sabia capturar imagens há décadas atrás. Então o fotógrafo resolveu registrar justamente isso: o caos, a poluição visual, atmosférica e sonora que inunda a cidade, como forma de protesto e para comunicar ao mundo como estamos destruindo Veneza com a nossa voracidade faminta.


Mas antes que você veja este pequeno vídeo com as imagens do Senhor Gardin, deixo uma última mensagem.


Não deixe de ir a Veneza, mas se puder, seja mais humano do que estamos acostumados a ser quando somos turistas. Seja um viajante, apreciador da autêntica cultura e valorizando a oportunidade de pisar em um patrimônio da humanidade. Se puder aprender algumas palavrinhas e conversar com algum local, não deixe de fazê-lo. Ser um viajante sustentável não significa pagar mais caro. Às vezes é justamente o contrário.


Um abraço.


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